20/05/2025: Excelente restaurante com alta qualidade e serviço constantes.
15/05/2025: Não é fácil fazer da tradição um ato de elegância, mas a Casa Galega, em Paço de Arcos, parece fazê-lo sem esforço.
Instalada num edifício de traça clássica com azulejaria geométrica que pisca o olho à memória lisboeta, esta casa de mariscos, aberta desde 1992, oferece uma experiência que conjuga rigor técnico, serviço irrepreensível e uma cozinha que se recusa a ser apenas previsível.
A sala, ampla e luminosa, vive num registo de sobriedade sofisticada: toalhas imaculadas, copos finos, mobiliário discreto. Tudo serve para recentrar a atenção no essencial — o prato. E que pratos.
O lavagante à basca, servido com ovo escalfado e batata frita caseira, é um exemplo raro de equilíbrio entre rusticidade e refinamento. A carne do crustáceo chega impecavelmente suculenta, coberta por um manto sedoso de ovo cuja gema se mistura com um azeite quente, perfumado de alho, pimentos e um toque sussurrado de vinagre. Um molho que não grita, mas convence. A batata, cortada em rodelas finas e frita no ponto exato entre leveza e estrutura, acompanha com discrição e dignidade.
O serviço, atento mas despretensioso, nunca se impõe — está lá quando é preciso, com a cadência certa de quem sabe que hospitalidade não é apenas perguntar “está tudo bem?”.
A carta de vinhos, bem composta e com preços honestos, propõe harmonizações que respeitam a matriz marítima da casa sem cair no cliché.
A Casa Galega não é um restaurante de modas. É, felizmente, um restaurante de princípios. E isso, nos dias que correm, sabe a luxo verdadeiro.