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Restaurante Casa da Insua


Penalva do Castelo
08/05/2025: A Casa da Ínsua, ou Solar dos Albuquerques, por si só, merece uma deslocação propositada para visita ao Palacete Barroco do século XVIII, com a riqueza diversificada do seu acervo, os jardins de inspiração francesa e inglesa, o núcleo museológico, quer histórico-patrimonial, quer da produção agrícola da Casa – vinho, azeite, queijo, compotas, fruta – pioneira ao seu tempo, e o usufruto do ar puro e da tranquilidade que se respiram em tal local idílico, quer numa visita ocasional, quer numa estadia neste hotel de charme de categoria superior, integrado na cadeia de Paradores de Turismo de Espanha. Todo este enquadramento, levanta legítimas expectativas quanto à associada experiência restaurativa, afinal, o propósito primeiro destas linhas. Adiante! Ao entrar no restaurante, necessariamente, após percorridos alguns dos corredores e recantos do palácio, deparamos com uma sala ampla e bem iluminada, com decoração a tentar conciliar clássico e moderno e que causa uma boa primeira impressão. Um olhar mais atento, porém, poderá reparar, desde logo, na amesendação com talheres e copos sobre a madeira nua das mesas, que, compreendendo-se como uma opção estética, parece ficar a dever aos atoalhados de pano delicado, no meu entender mais condicentes com o peso histórico-cultural da unidade hoteleira em que se insere. Para começar, o serviço de sala revelou-se parco em empatia, quer em relação aos comensais, quer em relação ao legado da própria Casa, e correu com algumas falhas, as quais, mesmo não se tratando de um “restaurante Michelin”, se dispensam a este nível. Em relação ao que veio para a mesa, as simpáticas boas vindas do Chef apresentaram-se na forma de pão de trigo leve ligeiramente tostado, com pasta cítrica de bacalhau, perfeito para “amouse bouche”. Seguiu-se a diversão com a tábua de produtos Casa da Ínsua – queijos, fumeiro, azeitonas, compotas e ovos – que, à margem dos queijos (Serra da Estrela incluído), não conseguiu suplantar o anterior paté de bacalhau. O magret de pato com risoto de laranja e amêndoas acolheu bastantes elogios dos convivas, com a carne no ponto, suculenta, e bem equilibrado com a frescura do arroz. O lombinho de porco ibérico veio corado tenro, com a sua gordura própria, e guarnição de puré de batata doce e legumes bem salteados, dando diversidade visual e gustativa ao prato e bom entretenimento ao palato. O cabrito com arroz de boletos e castanhas no forno, teria sempre de vir à mesa, nesta região do país, e fez-se representar com os seus sabores bem térreos, bem regionais, proporcionando conforto ao estômago de quem o degustou e remetendo-nos para séculos passados, onde nesta Casa terá sido muitas vezes apreciado. O vinho Casa da Ínsua Colheita, branco, Dão, 2024, não sendo a escolha mais adequada para os pratos servidos (escolha dos bebedores), saiu-se com distinção na sua boa complexidade e persistência, contudo fresco, e com a emblemática presença do Encruzado, num lote acolitado por Malvasia-Fina e Semillon (veio para casa!). Já o tinto Vinha de Reis, Dão, 2019, embora cientes da sua “entrada de gama”, mostrou-se bastante concentrado e de aroma ainda algo fechado, pela sua juventude, deixando-me a ideia de que melhor harmonização teria feito o Casa da Ínsua Colheita, tinto, Dão, 2019 (que também veio para casa!). Para terminar lambendo os lábios: bolo do cardo com gelado de queijo da Serra, o cardo omnipresente na quinta, mas aqui quase incógnito; estaladiço de créme brulée e sorvete de tangerina, muito bom; pudim abade de Priscos com sorvete de limão, não tão bom; mil-folhas de doce de ovos com sorvete de tangerina, magnífico! Noutros tempos, teria o Capitão-Mor Luís de Albuquerque, proprietário de tão nobre Solar, ficado refastelado após um repasto deste calibre… Nós também! Esta é uma mesa, digamos aristocrática, a que se pede a correcção de alguns detalhes para que conquiste a nobreza, de pleno direito, e a Casa da Ínsua bem o merece!

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